Neste artigo, vamos analisar uma das eras mais famosas do Japão, o famoso Período Edo governado pelos Tokugawa. Neste artigo, vamos analisar completamente esse período e como ele afetou o Japão e o mundo em sua longa história.
Índice de Conteúdo
O que precisamos saber sobre o Período Edo?
Foi no período Edo que o Japão entrou em uma era de paz e isolamento nacional. Foi nesse período que os comerciantes foram limitados, o cristianismo foi suprimido, a hierarquia social dominou e estabilizou o país. O período Edo é famoso pelos Samurais, pelo crescimento comercial e agricola, pela arte do teatro kabuki e bunraku, pela educação e população urbana.
O período Edo, conhecido também como período Tokugawa, é um período da história do Japão que foi governado pelos xoguns da família Tokugawa, desde 24 de março de 1603 até 3 de maio de 1868. Esse período marca o governo do Xogunato Tokugawa (ou Xogunato Edo) que foi oficialmente estabelecido em 24 de março 1603 pelo primeiro xogum Tokugawa Ieyasu.
Para esclarecer, o termo Xogum, (shōgun - 将軍) é literalmente Comandante do exército. Esse foi um título e distinção militar durante aquela época no Japão. Era concedido pelo próprio Imperador. Já o Xogunato era um regime feudal até à idade moderna, semelhante ao feudalismo. Além de proprietário rural, o xogum era um militar chefe que estava abaixo apenas do Imperador.
O nome japonês é Bakufu (幕府) significa literalmente "tenda do governo" (um controle militar), originalmente é a casa de um xogum, mas acabou por ser usado em japonês para descrever a ditadura militar, exercida pelos xoguns.
Agora que já esclarecemos esses termos, podemos voltar ao tópico principal. O período terminou com a Restauração Meiji em 3 de maio 1868, a restauração do governo do tenno (imperador) pelo décimo quinto e último xógum, Tokugawa Yoshinobu. O período Edo também é conhecido por marcar o início do período moderno do Japão.
Oda Nobunaga e a reunificação do Japão
Durante o período Sengoku (do século XV ao XVII), o Japão sofria uma gigantesca instabilidade política. As guerras civis por terras e poder entre os dáimios causavam ondas sangrentas. Essas guerras contribuíram para o enfraquecimento do poder central do Xogunato Muromachi, deixando cada um por si, dificultando completamente a união do país.
A reunificação do Japão começou a ganhar forma com a campanha de Oda Nobunaga. Ele dominou a província de Owari em 1559, depois marchou sobre a capital de Kyoto em 1568, restaurando o poder da corte real (simbolicamente).
Ao dominar Kyoto, Nobunaga continua eliminando seus adversários, até mesmo uma seita budista chamada Ikko-ikki, destruindo um mosteiro em 1575. Com a introdução de armas-de-fogo no país, Nobunaga consegue derrotar povos inimigos como clã Takeda.
A Morte de Oda Nobunaga
Em 1582, Nobunaga é morto por um dos seus amigos, Akechi Mitsuhide, que aproveita e usurpa o lugar do seu mestre. Até que o general Toyotomi Hideyoshi, que lutava ao lado de Nobunaga, destruiu rapidamente essa rebelião, as forças de Mitsuhide foram eliminadas e o poder recuperado.
Com o apoio dos fieis de Nobunaga, e a união de vários dáimios, Hideyoshi continuou com a campanha de reunificação, conquistou as províncias de Kyushu e Shikoku, e finalmente derrotou a última resistência, a família Hojo, que controlava Kanto. Com resultado a unificação militar do Japão foi completada.
Período Edo - Tokugawa Ieyasu
Tokugawa Ieyasu foi uma pessoa instrumental para a ascensão do novo bakufu e o principal beneficiário das conquistas de Oda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi. Desde sempre poderoso, Ieyasu lucrou com sua transferência para a rica área de Kanto. Ele manteve 2,5 milhões de koku de terras e um novo quartel general em Edo (futura Tóquio), uma cidade castelo estrategicamente situada, e ganhou mais dois milhões de koku de terra e trinta e oito vassalos sobre seu controle.
Destruindo as forças que apoiavam Hideyori na Batalha de Sekigahara, Tokugawa, sem rivais à altura, consegue expandir o seu domínio por todo o Japão, recebendo do Imperador, em 1603, o título de xogun, estabelecendo assim o Xogunato Tokugawa.
Período Edo - O que é um koku?
O koku (石) é uma unidade de volume no Japão. 3,6 koku é equivalente a um metro cúbico. O koku é historicamente descrito como uma quantidade de arroz suficiente para alimentar durante o ano inteiro uma pessoa. (A medida equivalente a uma pessoa por dia é masu). Em 1891 um koku foi alterado e igualado à 240100/1331 litros, que é equivalente a 180,39 litros.
Depois da morte de Hideyoshi, o poder voltou a ser concorrido entre os feudais. Ieyasu de movimentou rapidamente para ganhar o controle do Japão e da família Toyotomi. Ele usou seu poder militar e político.
Período Edo - Xogunato Tokugawa
O período Edo, também é chamado de Tokugawa, ele trouxe 200 anos de estabilidade para o Japão. O sistema foi chamado de bakuhan, uma combinação dos termos bakufu e han (domínios ou feudos).No bakuhan, os daimyos tinham autoridade regional e os xogum nacional, esse novo sistema era muito burocrático e complexo.
Os Tokugawa também tinham um poder sem precedentes sobre o imperador e todos os outros abaixo dele. Os Tokugawa ajudaram a família imperial a recuperar suas glórias passadas reconstruindo seus palácios e lhes doando terras. Como garantia de um elo entre o clã imperial e a família Tokugawa, a neta de Ieyasu tornou-se consorte imperial em 1619.
Reformas políticas no período Edo
Um código de leis foi estabelecido para regular as casas dos daimyos. O código englobava conduta privada, casamento, vestimenta, e tipos de armas e número de tropas permitidas; residência rotativa obrigatória entre Edo e o han (feudo) de ano em ano (o sistema Sankin kotai); proibia a construção de navios com capacidade de navegar em mar aberto; baniu o cristianismo; e estipulou que os regulamentos do bakufu eram a lei nacional.
Embora os daimyos não fossem oficialmente taxados com impostos, eles eram regularmente taxados com contribuições para o apoio logístico e militar e para obras públicas como castelos, estradas, pontes, e palácios. Os vários regulamentos e taxações não só fortaleciam os Tokugawa, mas também esgotavam as riquezas dos daimyos, consequentemente os enfraquecendo como uma ameaça para a administração central.
Comércio com o exterior durante o período Edo
Ieyasu encorajou o comércio exterior, mas não confiava em estrangeiros. Ele queria fazer de Edo uma grande cidade portuária, favorecendo seus portos, mas a partir do momento que ele observou que os europeus favoreciam portos em Kyushu e que a China havia rejeitado seus planos para estabelecer um comércio oficial, ele agiu para tomar controle do comércio existente e permitiu que somente certos portos manejassem tipos específicos de mercadoria.
O problema cristão era, em consequência, um problema de controlar tanto os dáimios cristãos em Kyushu quanto seu comércio com os europeus. Em 1612, os serventes e residentes do xógum em terras dos Tokugawa foram ordenados a repudiar o cristianismo.
Mais restrições vieram em 1616 (a restrição do comércio com estrangeiros podendo só ser realizado em Nagasaki e Hirado, uma ilha ao noroeste de Kyushu), 1622 (a execução de 120 missionários e convertidos), 1624 (a expulsão dos espanhóis), e 1629 (a execução de milhares de cristãos).
Finalmente, em 1635, um decreto proibia qualquer japonês de viajar para fora do Japão ou, se alguém saísse, de retornar algum dia. Em 1636 os holandeses ficaram restritos a Dejima, uma pequena ilha artificial – não sendo oficialmente solo japonês – na enseada de Nagasaki.
Período Edo - Xogunato x Cristianismo
O xogunato considerava o cristianismo como um grande desestabilizador, resultando na perseguição do catolicismo. Entre 1637-1638) aconteceu a Rebelião de Shimabara, no qual samurais e aldeões católicos rebelaram-se contra o bakufu. Até que Edo pediu ajuda aos barcos holandeses e bombardearam a fortaleza rebelde, marcando assim o fim do movimento cristão.
Em 1650, o cristianismo foi quase totalmente erradicado, qualquer influência externa na política, na religiosidade e na econômica do Japão, acabou. Somente a China e a Companhia Holandesa das Índias tinham o direito de visitar o Japão durante esse período, apenas para propósitos comerciais, e eles podiam ir apenas ao porto de Dejima em Nagasaki, caso contrário era morte.
Depois desse incidente, os portugueses foram expulsos, membros da missão diplomática portuguesa foram executados, todos os súditos foram ordenados a registrarem-se em templos budistas ou shinto, e os holandeses e chineses ficaram restritos a um pedaço específico de Nagasaki.
Desenvolvimento do período Edo
O desenvolvimento econômico durante o período Edo incluiu um gigantesco aumento na urbanização, na remessa de mercadorias, na expansão de comércio doméstico, industrial e artesanal. O comércio de construção cresceu, ao lado dos negócios bancários e das associações mercantes. As autoridades dos hans administravam a produção agrícola e o artesanato rural com forme ele crescia.
No século XVIII, Edo já tinha uma população que ultrapassava um milhão de habitantes, enquanto Osaka e Kyoto tinham cerca de 400 mil habitantes. Muitas outras cidades-castelos também cresceram. Osaka e Kyoto tornaram-se centros de produção de artesanato e comércio, enquanto Edo era o centro de suprimentos e mercadorias urbanas.
No Período Edo, o Japão estudou as ciências e técnicas ocidentais (ato chamado de rangaku ou estudos holandeses) através dos livros e informações que os comerciantes holandeses traziam para Dejima. Geografia, ciências naturais, medicina, astronomia, línguas, artes, ciências físicas, elétrica e ciências mecânicas eram estudadas pelos japoneses para desenvolvimento em diversas áreas.
O neo-confucionismo foi o principal desenvolvimento do período Tokugawa. Estudos confucionistas eram mantidos ativos entre os clérigos budistas mas se expandiu para uma visão secular do homem e da sociedade. O humanismo ético, racionalismo, e a doutrina neoconfucionista eram atraentes para os oficiais do governo. No século XVII, o neoconfucionismo foi a filosofia dominante no Japão e contribuiu para o desenvolvimento da escola kokugaku (do pensamento).
Consequências do rangaku para a população
Estudos de matemática, astronomia, cartografia, engenharia, e medicina também eram encorajados. Uma ênfase foi colocada sobre a qualidade de trabalhos manuais, especialmente na arte. Pela primeira vez, as populações urbanas tinham meios e o tempo livre para apoiar uma nova cultura de massas.
A busca por divertimento tornou-se conhecida como ukiyo-e ("o mundo flutuante"), um mundo ideal da moda e do entretenimento popular. Artistas profissionais mulheres (gueixas), música, histórias populares, Kabuki e bunraku ("teatro de marionetes"), poesia, e uma rica literatura, e arte, exemplificados pelo trabalho em impressão de blocos de madeira (conhecidos como ukiyo-e), eram todos parte dessa cultura que florescia. A literatura também floresceu com os exemplos notáveis do dramaturgo Chikamatsu Monzaemon (1653-1724) e do poeta, ensaísta, e escritor viajante Matsuo Basho (1644-1694).
Impressões ukiyo-e começaram a ser produzidas no final do século XVII, mas em 1764 Harunobu produziu a primeira impressão policrômica. Designers de impressão da próxima geração, incluindo Torii Kiyonaga e Utamaro, criaram representações elegantes e algumas vezes criteriosas de cortesãs.
No século XIX, a figura dominante foi Hiroshige, um criador de impressões de paisagens românticas e de alguma forma sentimentais. Os ângulos estranhos e formas pelas quais Hiroshige frequentemente representava as paisagens, e os trabalhos de Kiyonaga e Utamaro, com sua ênfase em superfícies planas e fortes, contornos lineares, tiveram posteriormente um profundo impacto em artistas ocidentais como Edgar Degas e Vincent van Gogh.
Religião do período Edo
O budismo e o xintoísmo eram muito importantes no Japão de Tokugawa. O budismo, combinado com neoconfucionismo, forneceu os padrões para o comportamento social. Embora não tão políticamente poderoso quanto fora no passado, o budismo foi apoiado pelas classes superiores. Proibições contra o cristianismo beneficiaram o budismo em 1640 quando o bakufu ordenou que todos se registrassem em um templo.
A rígida separação da sociedade no governo Tokugawa em hans, vilarejos, guarnições, e casa da família ajudou a reafirmar ligações xintoístas locais. O xintoísmo forneceu o apoio espiritual para a ordem política e foi um vínculo importante entre os indivíduos e a comunidade. O xintoísmo também ajudou a preservar um senso de identidade nacional.
Fim do Xogunato – Principal motivo
O fim desse período Edo é chamado de Xogunato Tokugawa tardio. O fim do período e sua causa é controverso, mas acredita-se que foi a ocidentalização e as portas abertas a marinha dos EUA que deu início ao fim. A armada de Matthew Calbraith Perry, conhecida os navios negros pelos japoneses, realizou vários tiros com suas armas na Baía de Tóquio.
Ilhas artificiais foram criadas para bloquear o alcance de armas, tornando-se hoje o que conhecemos como Odaiba. A intrusão estrangeira ajudou a precipitar uma luta política complexa entre o bakufu e seus críticos, resultado da má administração dos Tokugawa. O movimento antibakufu no meio do século XIX trouxe o fim aos Tokugawa.
Fim do Xogunato – Méritos do Xogunato
Desde o início, os Tokugawa tentaram restringir a acumulação de riquezas das famílias do Japão e endossavam uma política “de volta à terra”, na qual o fazendeiro, o produtor ideal, era a “cidadão ideal” a ser atingido na sociedade. Apesar dos esforços de restringir a riqueza, e parcialmente devido ao extraordinário período de paz, o padrão de vida tanto dos habitantes urbanos quanto rurais cresceu significativamente durante o período Tokugawa.
Melhorias nos meios da produção de colheita, transporte, moradia, alimentação, e entretenimento estavam a disposição, assim como um maior tempo para o lazer, pelo menos para a população urbana.
A taxa de alfabetização era alta para uma sociedade pré-industrial, e os valores culturais foram redefinidos e largamente divulgados através das classes dos samurais e chonin. Apesar do reaparecimento das guildas, atividades econômicas iam bem além da natureza restritiva das guildas, e o comércio espalhou-se e a economia do dinheiro desenvolveu-se.
Fim do Xogunato – Falha
Uma disputa brotou na face das limitações políticas que o xógum impusera nas classes empreendedoras. O ideal governamental de uma sociedade agrária falhou em se encaixar com a realidade da distribuição comercial.
A grande burocracia governamental havia evoluído, e havia se estagnado devido a suas discrepâncias com uma nova ordem social que constantemente se transformava. Combinado à situação, a população aumentara significativamente durante a primeira metade do período Tokugawa.
Embora a taxa e magnitude do crescimento sejam incertas, havia pelo menos 26 milhões de cidadãos e aproximadamente 4 milhões de membros de famílias samurais e seus servos quando o primeiro censo foi feito em 1721. Secas, seguidas por diminuição da safra e fome, resultaram em 20 grandes períodos de fome entre 1675 e 1837.
Fim do Xogunato – Crise
A insatisfação do povo cresceu, e no fim do século XVIII, protestos sobre os impostos e falta de comida haviam se tornado frequentes. As famílias que perderam suas terras tornaram-se famílias fazendeiras inquilinas (trabalhavam em terras possuídas por outras pessoas), enquanto os habitantes rurais pobres que não tinham onde morar mudavam-se para as cidades.
Enquanto a fortuna de famílias trabalhadoras declinava, outros agiam rapidamente acumulando terras, e uma nova e mais rica classe de fazendeiros surgia. Aqueles que se beneficiaram eram capazes de diversificar sua produção e contratar mão de obra para se sustentar, enquanto outros eram deixados no descontentamento.
Fim do Xogunato – Invasões
Embora o Japão tenha conseguido adquirir e aperfeiçoar uma grande variedade de conhecimento cientifico, a rápida industrialização do Ocidente durante o século XVIII criou pela primeira vez uma lacuna material em termos de tecnologia e armamento entre o Japão e o Ocidente (que realmente não existia no início do período Edo), forçando o governo a abandonar sua política de reclusão o que contribuiu para o fim do regime Tokugawa.
Intrusões ocidentais estavam aumentando no início do século XIX. Navios de guerra e de comércio russos invadiram Karafuto (chamada de Sacalina sob o controle russo e soviético) e nas Ilhas Curilas, a parte mais ao sul do que é considerado pelos japoneses como as ilhas do norte de Hokkaido.
Apesar dos japoneses terem realizado pequenas concessões e permitido alguns desembarques, eles ainda veementemente tentavam manter os estrangeiros fora, algumas vezes usando a força. O Rangaku tornou-se crucial não só para entender os estrangeiros "bárbaros", mas também para usar o conhecimento adquirido do ocidente para expulsá-los.
Fim do Xogunato - Desespero
Em 1830 ocorreu uma crise por causa de fome generalizada e vários desastres naturais que abalaram a população. Elas estavam insatisfeitas e rebelou-se contra os oficiais do governo e os mercadores de Osaka em 1837. A revolta durou apenas um dia, mas as consequências foram visíveis..
Muitos buscavam reformar a moral ao invés de focar-se nos problemas institucionais do país. Os conselheiros do xogum pediam à espiritualidade marcial, restrições comerciais com ocidente, censura na literatura, e a eliminação do “luxo” na classe dos samurais.
Outros queriam depor os Tokugawa e apoiar a política sonno joi (honrar o imperador, expulsar os bárbaros). Apesar disso, o bakufu conseguiu se manter firme apesar da oposição e da crescente comercialização com os ocidentais depois da Primeira Guerra do Ópio de 1839-1842.
Fim do Xogunato – Momentos finais da reclusão
Em 1853 os Estados Unidos chegou na baía de Edo exigindo a abertura dos portos japoneses. Em 1854, foi assinado o Tratado de Kanagawa (Paz e amizade), que concedia a abertura de 2 portos a navios americanos. Eles tinha direito a suprimentos, suporte a náufragos e uma morada de cônsul em Shimoda no sudoeste de Edo.
Cinco anos depois, outros portos foram abertos aos EUA devido a tratados, indicando o início do declínio de poder do xogunato. Esse processo ocasionou danos gigantescos para o bakufu. Debates sobre o xogunato afloraram pela primeira vez a população, ocasionando grandes críticas ao governo.
Fim do Xogunato – Instabilidade e desagrado
Para conter a instabilidade política, Abe tentou ganhar novos aliados à sua causa consultando os clãs shinpan e tozama, para a surpresa dos fudai (clãs mais próximo dos Tokugawa), situação que desestabilizou ainda mais o já debilitado Bakufu.
Os ideais pro-imperialistas cresciam principalmente pela propagação de escolas de ensino, como a Escola Mito — baseada em ensinamentos neo-confucionistas e xintoístas— que tinha como objetivo a restauração da instituição imperial, a retirada dos ocidentais do Japão e a criação de um Império mundial sobre a divina dinastia Yamato.
Em meio a esses conflitos políticos e ideológicos, Tokugawa Nariaki ficou encarregado da defesa nacional em 1854. Nariaki já havia há muito tempo abraçado ideais antiestrangeiros e uma lealdade militar ao Imperador, tornando-se assim um dos principais líderes da facção contrária ao xogunato e futuramente tendo um papel importante na Restauração Meiji.
Fim do Xogunato – Fim da reclusão
Nos anos finais do xogunato, as relações estrangeiras aumentaram e mais concessões foram feitas. Um novo tratado com os Estados Unidos em 1859 permitiu que mais portos fossem abertos para representantes diplomáticos. No mesmo ano, comércio sem supervisão foi permitido em mais 4 portos e a construção de residências estrangeiras em Osaka e Edo. Pelo mesmo tratado, foi incorporado o conceito de extraterritorialidade (estrangeiros estavam submetidos às leis de seus respectivos países, e não à lei japonesa).
Quando o xogum Iesada morreu sem deixar herdeiros, Nariaki apelou para a corte pelo apoio de seu filho, Tokugawa Yoshinobu (ou Keiki), para xógum, que era favorecido pelos dáimios dos clãs shinpan e tozama.
Entretanto, os fudai ganharam a luta pelo poder, instituindo Tokugawa Yoshintomi no cargo de xogum, prendendo Nariaki e Keiki e executando Yoshida Shoin (1830 - 1859, um importante intelectual sonnõ-jôi que tinha sido contra o tratado americano e tinha arquitetado uma revolução contra o bakufu), e assinaram tratados com os Estados Unidos e mais cinco outras nações, acabando assim com mais de 200 anos de reclusão.
Fim do Xogunato – Militarização
Durante os últimos anos do bakufu, medidas extremas foram tomadas a fim de reaver seu domínio político, embora seu envolvimento com a modernização e poderes estrangeiros fizessem-no alvo de sentimentos antiocidentais por todo o país.
O exército e a marinha foram modernizados. Uma escola de treinamento naval foi construída em Nagasaki no ano de 1855. Estudantes navais foram enviados para estudar em escolas ocidentais, por vários anos, iniciando assim uma tradição de enviar futuros líderes para estudarem no ocidente, como o almirante Enomoto. Engenheiros navais franceses foram contratados para construir um arsenal naval, como os arsenais de Yokosuka e de Nagasaki.
Xogunato Tokugawa tardio
O Xogunato Tokugawa tardio ou Último Xogum foi o período entre 1853 e 1867 durante o qual o Japão acabou com sua política isolacionista estrangeira, chamada sakoku, e modernizou-se de um xogunato feudal para o Governo Meiji. Este período situa-se no final da Era Edo, precedendo a Era Meiji.
As principais facções ideológicas/políticas durante o período dividiram-se em pró-imperialistas Ishin Shishi (patriotas nacionalistas) e as forças do xogunato, incluindo a elite Shinsengumi (corpo do exército recentemente selecionado) de espadachins. Embora os dois grupos fossem os de maior força visível, muitas outras facções tentaram usar o caos do Bakufu numa tentativa de ganhar poder pessoal.
Extremistas contra o ocidente
Extremistas que veneram o imperador, incitaram morte e violência contra as autoridades do bakufu, dos hans (feudos) e estrangeiros do ocidente. Na Guerra Anglo-Satsuma aonteceu uma retaliação naval que levou a criação de outro tratado de comércio concessionário de 1865, mas ele não foi cumprido. Logo depois, um exército do bakufu foi eliminado na tentativa de esmagar os grupos rebeldes nos hans de Satsuma e Choshu (1866). Em 1867, o imperador faleceu e foi substituído pelo seu filho Mutsuhito.
Keiki (Tokugawa Yoshinobu) apesar de relutante, tornou-se líder e Xogum da casa dos Tokugawa. Ele tentou concertar o governo sob influência do Imperador e preservar o poder político do xogum. Com medo do poder dos clãs Satsuma e Choshu, outros daimios apoiaram a volta dos poderes do xógum para o Imperador e para um conselho Tokugawa.
Guerra Boshin
A Guerra Boshin ( “Guerra do Ano do Dragão”) foi uma guerra civil no Japão, travada de 1868 a 1869 entre forças do governo do xogunato Tokugawa e aqueles que favoreciam a restauração do Imperador Meiji. A guerra encontra suas origens na declaração do imperador da abolição do xogunato de mais de 200 anos e a imposição do comando direto da corte imperial.
Movimentos militares das forças imperiais e atos de violência partidários ao império em Edo, levou Tokugawa Yoshinobu, o xógum, a lançar uma campanha militar para controlar a corte imperial em Kyoto. A maré militar rapidamente mudou em favor da facção imperial, que era pequena mas relativamente modernizada, e após uma série de batalhas culminando na rendição de Edo, Yoshinobu pessoalmente rendeu-se.
Seguindo a Guerra Boshin o bakufu foi abolido, e Keiki foi reduzido ao nível de um daimio. Movimentos de resistência do xogunato continuaram no norte seguindo o ano de 1868, e as forças navais do bakufu, sob o comando do almirante Enomoto, resistiram por mais de 6 meses em Hokkaido, onde eles fundaram a República de Ezo, que teve um curto período de existência.
Keiki aceitou o plano no final de 1867 e abdicou, anunciando uma “restauração Imperial”. Mas em 3 de janeiro de 1868, líderes dos hans Satsuma, Choshu, entre outros, tomaram o Palácio Imperial e anunciaram sua própria restauração. Os poderes políticos e militares foram restituídos ao imperador, terminando assim com mais de 200 anos de domínio dos Tokugawa sobre o Japão.
Conclusão e minha opinião
Se me perguntarem quais as consequências desse período para a história do Japão, eu certamente responderia que foi um dos mais importantes na história, seguido da revolução Meiji, o período Edo trouxe para o Japão, um incrível desenvolvimento tanto na parte Industrial Quanto na parte filosófica.
Chega a ser irônico essa afirmação, mas este período de isolamento ajudou muito, com alguns aspectos do Japão. Como por exemplo, o grande senso de patriotismo e cooperação que possuem. Afinal, o Japão é famoso pelas pessoas prestativa e atenciosas, Além de sua força de trabalho motivada e extremamente disciplinada.
Creio que no entanto, deixou sequelas graves, como é o caso da reclusão das pessoas e desconfiança para com os ocidentais. Não acho que podemos julgá-los, pois como exemplo temos a Segunda Guerra Mundial, que mesmo nós brasileiros somos afetados moralmente e culturalmente por ela. Claro que seus efeitos diminuíram com o tempo no entanto se fomos dar uma pesquisada como nossos parentes mais velhos, creio que quase todos ou a maioria tem impressões ruins dela, mesmo que nem tenham sido afetados diretamente por ela.
Se formos comparar esses 200 anos com a Segunda Guerra Mundial creio que podemos retirar dessa comparação uma base para saber o efeito que eles causaram nesse país. No entanto, sabemos que nada dura para sempre, e por esse motivo os efeitos desses dois acontecimentos diminuíram. Enfim Creio que não afeta tanto quanto afetava a um tempo atrás, mas alguns dos seus efeitos são duradouros Ou pelo menos mais persistentes.
Por hoje é tudo pessoal, foi um grande artigo, no entanto temos que levar em consideração que estudamos um período de grande importância para a história dos japoneses, por isso eu não poderia economizar palavras. OK, obrigado a você, meu caro leitor, por ler até aqui. E qualquer dúvida, sugestão ou crítica basta comentar, estaremos sempre lendo os comentários. Não esqueça de votar.