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Kinton: Conheça mais sobre esse tradicional doce japonês

Em cinco mil anos de civilização, as sociedades humanas trabalharam com todo tipo de matéria-prima para confecção de itens de subsistência. Nascido no conjunto de ilhas que formam o Japão, o kinton é uma das estrelas da culinária comemorativa.

Inclusive, as datas comemorativas estão presentes no calendário desde os primeiros registros de sociedades humanas altamente organizadas, na era de surgimento da agricultura. Desde então, essas festas são preenchidas com arte e gastronomia.

A variação culinária depende primariamente da região onde se localiza cada receita. Isso porque as frutas, vegetais, raízes, grãos e animais disponíveis são diferentes a depender do espaço onde se estabelece uma nação.

A era do comércio a nível global permite um cenário inédito na historiografia humana; a capacidade de encontrar alimentos nativos de qualquer região em uma cesta de supermercado de qualquer grande metrópole.

Apesar das tradições específicas, algumas festividades são compartilhadas em todas as partes do planeta, com suas devidas adaptações. Uma destas é o Ano Novo, festa realizada entre o último dia de um ano e o primeiro dia do ano seguinte no calendário. 

A comemoração do ano novo está intimamente ligada à alimentação. Nas sociedades agrárias, esta festa significava a passagem de um período de plantio a outro, onde a boa colheita era celebrada pela população.

Uma boa colheita representava a vinda de um tempo de esperança e fartura para o país, visto o esforço despendido na sondagem de solo, plantio e no monitoramento destes alimentos, tão importantes para o bem-estar e a sobrevivência de famílias inteiras.

Desta forma, o vínculo entre Ano Novo e gastronomia foi atado para sempre. Na era pós-industrial, a festividade exibe um grande conjunto de receitas de doces, salgados e bebidas tão diversificadas quanto seus continentes.  

O Kinton é um doce muito comum na mesa japonesa em tempos de Ano Novo, derivado de uma espécie de batata-doce chamada “Satsumaimo”, uma raiz de casco macio e fino, da cor lilás e um interior amarelo, num tom mais intenso que a batata-doce comum.

Essa raiz contém uma concentração maior de açúcar, tornando-a ideal para cremes e purês adocicados. Usada também no preparo de sopas e bolos, a Satsumaimo é a estrela que dá a cara e a cor do doce japonês.

Kinton: conheça mais sobre esse tradicional doce japonês

Entenda mais sobre a origem do Kinton

O Kinton, também chamado de “kuri-kinton”, faz parte do conjunto de doces japoneses que possuem juntos o nome “Wagashi”, a confeitaria tradicional que transforma doces em expressão artística.

Cuidadosamente moldados, os estabelecimentos que ofertam os doces desta categoria mantêm a arte estampada em suas formas, cada doce e cor retratando uma estação do ano. Estes doces são apreciados em casamentos e eventos familiares em geral.

No período imperial antigo, eram servidos em reuniões da aristocracia, acompanhados de um chá da região, derivado das folhas que também originaram o famoso chá verde, muito consumido no ocidente.

A confeitaria Wagashi estava presente também em cerimônias religiosas locais, onde os doces eram oferecidos às divindades em cerimônias em templos do país. O kuri-kinton, em especial, foi relegado às refeições de ano novo por sua coloração amarelada intensa.

Representante dos desejos de prosperidade e fortuna, o Kinton ganha esta coloração graças à batata-doce utilizada e o acréscimo de cascas de uma espécie de gardênia seca, usadas como um acentuador de cor natural para este e outros alimentos.

Uma empacotadora recebe trabalho extra no período do Ano Novo com a venda intensa de “Osechi Ryori”, uma caixa de madeira decorada, preenchida com iguarias tradicionais da época, incluindo o kuri-kinton.

A venda dessas caixas se dá pela tradição que proíbe as famílias de cozinhar no período do Ano Novo. Os alimentos que serão consumidos na primeira refeição japonesa, de onde surge o nome Osechi Ryori, são preparados nas vésperas da festividade.

Roteiro turístico, a primeira refeição do Ano Novo é degustada com hashis de ponta arredondada, diferente dos hashis utilizados nos demais meses. As cores e aspectos de cada refeição carregam um significado especial, cheios de desejos para o próximo ano.

O kuri-kinton figura entre outros pratos como um símbolo de fortuna e prosperidade, acompanhado por receitas que simbolizam bom presságio, longevidade, felicidade e sabedoria. Contabilizando 15 alimentos, reúnem nutrientes de uma cesta de supermercado.

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Veja quais são os ingredientes usados

O Kinton é considerado uma receita simples, contendo o número máximo de três ingredientes. Apesar do forte gosto adocicado, além da presença no espectro da confeitaria japonesa, o kinton não é considerado uma sobremesa.

A realização da receita, em geral, envolve o uso dos seguintes produtos:

  • Satsumaimo, a batata-doce japonesa;
  • Kuri-no-kanroni, uma espécie de castanha cozida;
  • Kuchinashi-no-mi, a casca de gardênia seca;
  • Mirin, um dos três principais temperos japoneses.

A satsumaimo, esta espécie de batata-doce, é ingerida no Japão no início do outono. Assada, cozida ou frita, a raiz se torna amarelada com a exposição ao calor. Descrita como mais doce, seca e fibrosa que a batata doce comum, forma uma refeição rica em nutrientes.

Por sua alta taxa de carboidratos de lenta digestão, a raiz concede uma sensação de saciedade e uma grande fonte de energia, sendo consumida, historicamente, por trabalhadores braçais nas regiões rurais do Japão.

O Kuri-no-kanroni é uma castanha de porte médio cozida e embebida num caldo simples, disponível em potes de conserva em supermercados japoneses. A castanha pode também ser encontrada em sua forma fresca em feiras especializadas em produtos importados.

Apesar da dificuldade em encontrar produtos fora de sua área de comercialização, a logística de transporte dedicado de mercadorias permite que o kuri-no-kanroni possa ser encontrado em mercados e lojas de produtos japoneses.

Kuchinashi-no-mi é aplicado na culinária nipônica como um colorante para arroz e doces que precisam exibir uma coloração amarela. O ingrediente é posto na água por onde será cozido o alimento, adicionando tons de amarelo a laranja a depender da concentração.

Para evitar a presença de pedaços sólidos da casca no alimento, esta é envolvida numa gaze, amarrada numa pequena trouxa e mergulhada no líquido.

Por fim, o mirin é a base do tempero japonês, junto ao molho shoyu e dashi. Com gosto levemente adocicado, o líquido acrescenta brilho, sabor, aroma e uma cor dourada aos alimentos. No kinton, realça a tão característica cor que remete ao ouro ligado à riqueza.

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Agora vem a melhor parte: saiba como preparar

O Kinton é preparado através do cozimento dos ingredientes em água. A batata-doce figura a primeira fase de preparo, cozida em panela de pressão para alcançar ponto em que esteja macia o suficiente para se tornar um purê. O processo pode ser manual ou mecânico.

A batata-doce deve ser descascada e cortada em pequenos pedaços, como rodelas ou cubos. Amassadas ao ponto de purê, as batatas são levadas novamente ao fogo para se misturarem às castanhas em conserva, numa massa que possa ser estilizada.

O corante da casca de gardênia é extraído da gaze através de uma torção, como uma peneira rotativa. Nesta segunda fase do cozimento, o kuri-kinton já apresenta características parecidas ao seu resultado final. Algumas versões acrescentam maçãs.

O mirin é acrescentado junto ao sal, para equilibrar o sabor. As quantidades de ingredientes utilizados variam de acordo com as porções produzidas. Quatro porções de kinton exigem entre 300 a 500 gramas de satsumaimo, traduzindo-se entre 2 a 3 unidades.

A quantidade de açúcar depende do julgamento do responsável pela preparação, variando entre setenta gramas, um valor que pode ser reduzido ou aumentado, levando em consideração a concentração de açúcar dos demais componentes da receita.

O uso de ferramentas manuais pode garantir um maior nível de maciez e uniformidade ao purê, apesar de não se tratar de recurso obrigatório. Instrumentos da gastronomia atuam como uma máquina de alinhamento para gerar um acabamento mais refinado.

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Entenda qual a importância da satsumaimo

A satsumaimo exerce um papel especial na História do povo japonês. A variação local de raiz é vendida em sua forma assada durante todo o inverno. Seu preparo em cascalhos aquecidos ao invés de fornos comuns acentua os sabores da batata-doce.

A origem desta tradição pode ser traçada na era imperial Edo, em meados de 1600 a 1800, construída a partir de um grande período de fome instalado no país. A batata-doce, assada em dobra de chapas, poupou o país de uma tragédia maior.

As plantações de satsumaimo nas regiões que hoje correspondem a Tóquio e circunvizinhanças salvaram a vida de milhares de famílias. Desde então, o elo entre o Kinton e seu símbolo de prosperidade e fartura esteve mais forte que nunca.

Tão importante para a cultura local, excursões a plantações de satsumaimo são realizadas por estudantes da educação infantil em escolas japonesas, onde as crianças são convidadas a conhecer e participar da colheita.

Pois bem, agora, certamente, ficou mais claro a importância desse doce japonês, bem como de outras alimentos na cultura deste povo.

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

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